domingo, 30 de março de 2014

CLICHÊ - BÊNÇÃO OU MALDIÇÃO? (Escrevendo um romance - Episódio 9)

O escritor foge do lugar comum da mesma forma que o Diabo foge da cruz (ou será que não?).
Afinal em que consiste o clichê, e por que muitas ideias se repetem tanto em livros e filmes?

Já está disponível o 9º. episódio da série ESCREVENDO UM ROMANCE, no canal SENTE E ESCREVA.




Caso não consiga abrir o vídeo, leia seu conteúdo, logo abaixo:


Clichê
Bênção ou Maldição?

Imagine uma história que tem:
Um vilão que se torna bonzinho ao encontrar o amor;
Um garoto órfão que é escolhido para salvar o universo;
Ou uma líder de torcida que já dormiu com metade do time de futebol americano.
Você já se perguntou por que existem tantos clichês nos filmes e nos livros?

Os motes que eu mencionei no primeiro parágrafo são apenas alguns exemplos de uma infinidade de lugares comuns que encontramos nos livros, no cinema e na TV.
Os clichês são motes, diálogos ou expressões que se repetem em histórias diferentes, e que muitas vezes parecem ser desnecessários ou inadequados.

Há tipos diferentes de clichê. Uns manifestam o desejo do espectador, outros representam uma cena cotidiana, e há os que sintetizam um fato considerado digno pela maioria das pessoas.
Veja bem: algo esperado, algo desejado ou algo cotidiano.

O clichê é uma espécie de ponte entre a ficção e a realidade. É um detalhe que lembra ao leitor que aquela história é possível.
Quando o vilão encontra o amor e passa para o lado “do Bem”, muitos leitores ou espectadores veem nisso uma espécie de recompensa, uma satisfação inconsciente em saber que ser bom vale a pena ou que o bem sempre vence no final.
Um garoto órfão que é escolhido para uma nobre missão é uma mensagem velada de esperança, que representa a chance de que qualquer injustiça sofrida pelo leitor ou espectador será recompensada, assim como foi para o personagem fictício.
A líder de torcida ninfomaníaca reforça um estereótipo, um arquétipo que associa uma atividade a um comportamento. Taxar pessoas e estabelecer preconceitos é algo relativamente comum, apesar de errado, e muitas pessoas sentem uma espécie de prazer inconsciente em ver sua opinião retratada na ficção.
Este é o real motivo de muitos autores usarem clichês em suas histórias: é uma espécie de barganha, uma tentativa de recompensar o leitor com sensações corriqueiras.

Mas o clichê é um recurso perigoso, pois à medida que se torna mais experiente e conhece um número maior de histórias, com seus diversos formatos, o leitor se torna mais exigente e menos ingênuo.

Em minha opinião, há um ponto de equilíbrio entre os lugares comuns e o inusitado.
O que isso quer dizer?
É importante que sua história tenha um protagonista original, ou um cenário inédito, mas seu livro não pode ser uma constante de novidades a todo o tempo, ou seu romance pode se tornar estranho demais e até pouco interessante.

Antes que você comece a discordar, quero lhe apresentar duas sinopses e quero que você reflita sobre elas:
Na primeira, temos um universo paralelo onde os personagens são uma espécie de caranguejo inteligente e hermafrodita que se comunica por telepatia. O céu é denso e formado por uma substância negra cuja composição é diferente de tudo que conhecemos. Seu protagonista não tem os mesmos sentimentos dos humanos e acha que lutar até a morte é justificável quando alguém rouba a sua comida. Seu maior objetivo é destruir uma espécie que invadiu seu planeta e que insiste em servi-los e agradá-los. Estranho, não é?
Imagine agora uma história em que o protagonista é um jovem injustiçado, que tem um irmão doente e precisa conseguir a ajuda de um homem insensível para salvá-lo. As vidas dos protagonistas se cruzam, e ao salvar o homem insensível de um assalto, seu herói o convence a retribuir salvando o garoto doente. Em meio a tudo isso, o protagonista se apaixona por uma moça que, desde o começo estava perto dele e o amava, mas ele nunca a havia percebido. E agora? Quantos clichês você identificou nessa história?

Tá bom, eu também perdi a conta...

Mas o importante é que você perceba que há um meio termo entre o estranho e o clichê.
E mesmo quando se opta por usar um lugar comum, é importante que o autor tente mascarar esse clichê de alguma forma, para não torna-lo tão óbvio.

Uma forma que sempre dá certo é alternar a recompensa de um fato esperado com a surpresa e o estranhamento.

O mais importante: evite escrever uma história cheia de referências a outros livros, mas não permita que isso o paralise! A decisão final caberá ao seu bom senso!

Dependendo do gênero da sua história, haverá sempre lugar para o amor, para um personagem tolo e engraçado, para uma cena de sexo ou de violência. Lembre-se apenas de construir cenas críveis e que mantenham nexo de causa e efeito.
Por hoje é só.

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Espero que seu livro seja um sucesso!
Obrigado pela sua atenção e até a próxima!

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