Mostrando postagens com marcador DICAS DO AUTOR. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador DICAS DO AUTOR. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 14 de abril de 2014

COMO ESCREVER UM ROMANCE: EPISÓDIO 10 - SINOPSE

Se você já escreveu seu romance, mas tem dificuldade para criar uma boa sinopse, vai gostar de ver o 10o. episódio da série ESCREVENDO UM ROMANCE.


Muita gente comenta que escrever um romance pode ser mais fácil que escrever sua sinopse. Dizem que o maior desafio é resumir o trabalho de um ano inteiro em dois ou três parágrafos.

Há dois tipos de sinopse que todo escritor de romances deve dominar, a sinopse para o leitor e a sinopse para o editor.
A sinopse para o leitor é aquela que se vê na contracapa da maioria dos livros.

Ela costuma apresentar o protagonista, o cenário da história e o acontecimento que dá início a toda a trama.
Lembre-se de que a sinopse para o leitor é a principal ferramenta de venda da obra.

Os livreiros costumam dizer que há dois tipos de leitores: os que já sabem o que vão comprar e os leitores de sinopse. Por isso, não vacile!

A sinopse deve remeter a elementos que gerem identificação do leitor com o gênero da obra em questão. Se seu livro é um suspense, deixe claro que sua obra pode ser capaz de instigar a curiosidade. O que realmente importa, é que o leitor seja arrebatado pela história ao ler a sinopse.

De uma forma esquemática, seria mais ou menos assim:
“Fulano, uma pessoa de tal idade, com tal personalidade, se depara com um fato novo que muda a sua vida (que pode ser um amor, um câncer ou uma mutação que lhe confere poderes). Agora ele terá que (aqui você cita a tônica e dá uma amostra do conflito)”.
Por mais que você relute em aceitar, é simples assim mesmo.

Como exemplo, leia abaixo a sinopse do livro Presságio, e você verá que ela se encaixa perfeitamente nesse conceito.

"Alice tem vinte e seis anos e, desde a adolescência, é atormentada por presságios (apresentando o personagem). Desacreditada por psiquiatras, ela é considerada psicótica, até que uma de suas visões a possibilita desvendar um misterioso homicídio (fato novo que muda a sua vida e apresenta um conflito). A polícia atribui a autoria do crime ao Beato Judas, um assassino serial de freiras, mas a descrição do suspeito não se parece em nada com o homem que ela viu em sua premonição (amostra do conflito).
Agora Alice terá de correr contra o tempo para provar que não é louca e para evitar que o assassino faça uma nova vítima.
Suspense, misticismo e sensualidade se misturam neste fantástico thriller policial que parece ter a capacidade sobrenatural de manter seus leitores alucinados, da primeira à última página!"

Outro tipo de sinopse, igualmente importante, é a sinopse para o editor.
Se você pretende enviar seu livro para uma editora, principalmente uma grande editora, você deve se lembrar que seu original não é o único a chegar nas mãos do editor. Por isso, conquiste-o com uma única página.
Esqueça a barganha ou sua opinião a respeito do livro, e mantenha o foco na história, assim como nos aspectos comerciais, como o público alvo ou o que seu livro traz de novo, comparado a outros livros do gênero.
Depois disso, vá direto ao assunto, e assim como você fez na sinopse para o leitor, apresente ao editor seu protagonista e o conflito central da história.
No entanto, agora você pode ser um pouco mais detalhista, porque o editor, diferente do leitor, pode ter uma ideia de como termina sua história. Não o que realmente acontece, mas o tipo de experiência de conduz o leitor até o final da história.
Acrescentar observações sobre o tipo de narrativa ou estilo do autor também podem ajudar. 

domingo, 30 de março de 2014

CLICHÊ - BÊNÇÃO OU MALDIÇÃO? (Escrevendo um romance - Episódio 9)

O escritor foge do lugar comum da mesma forma que o Diabo foge da cruz (ou será que não?).
Afinal em que consiste o clichê, e por que muitas ideias se repetem tanto em livros e filmes?

Já está disponível o 9º. episódio da série ESCREVENDO UM ROMANCE, no canal SENTE E ESCREVA.




Caso não consiga abrir o vídeo, leia seu conteúdo, logo abaixo:


Clichê
Bênção ou Maldição?

Imagine uma história que tem:
Um vilão que se torna bonzinho ao encontrar o amor;
Um garoto órfão que é escolhido para salvar o universo;
Ou uma líder de torcida que já dormiu com metade do time de futebol americano.
Você já se perguntou por que existem tantos clichês nos filmes e nos livros?

Os motes que eu mencionei no primeiro parágrafo são apenas alguns exemplos de uma infinidade de lugares comuns que encontramos nos livros, no cinema e na TV.
Os clichês são motes, diálogos ou expressões que se repetem em histórias diferentes, e que muitas vezes parecem ser desnecessários ou inadequados.

Há tipos diferentes de clichê. Uns manifestam o desejo do espectador, outros representam uma cena cotidiana, e há os que sintetizam um fato considerado digno pela maioria das pessoas.
Veja bem: algo esperado, algo desejado ou algo cotidiano.

O clichê é uma espécie de ponte entre a ficção e a realidade. É um detalhe que lembra ao leitor que aquela história é possível.
Quando o vilão encontra o amor e passa para o lado “do Bem”, muitos leitores ou espectadores veem nisso uma espécie de recompensa, uma satisfação inconsciente em saber que ser bom vale a pena ou que o bem sempre vence no final.
Um garoto órfão que é escolhido para uma nobre missão é uma mensagem velada de esperança, que representa a chance de que qualquer injustiça sofrida pelo leitor ou espectador será recompensada, assim como foi para o personagem fictício.
A líder de torcida ninfomaníaca reforça um estereótipo, um arquétipo que associa uma atividade a um comportamento. Taxar pessoas e estabelecer preconceitos é algo relativamente comum, apesar de errado, e muitas pessoas sentem uma espécie de prazer inconsciente em ver sua opinião retratada na ficção.
Este é o real motivo de muitos autores usarem clichês em suas histórias: é uma espécie de barganha, uma tentativa de recompensar o leitor com sensações corriqueiras.

Mas o clichê é um recurso perigoso, pois à medida que se torna mais experiente e conhece um número maior de histórias, com seus diversos formatos, o leitor se torna mais exigente e menos ingênuo.

Em minha opinião, há um ponto de equilíbrio entre os lugares comuns e o inusitado.
O que isso quer dizer?
É importante que sua história tenha um protagonista original, ou um cenário inédito, mas seu livro não pode ser uma constante de novidades a todo o tempo, ou seu romance pode se tornar estranho demais e até pouco interessante.

Antes que você comece a discordar, quero lhe apresentar duas sinopses e quero que você reflita sobre elas:
Na primeira, temos um universo paralelo onde os personagens são uma espécie de caranguejo inteligente e hermafrodita que se comunica por telepatia. O céu é denso e formado por uma substância negra cuja composição é diferente de tudo que conhecemos. Seu protagonista não tem os mesmos sentimentos dos humanos e acha que lutar até a morte é justificável quando alguém rouba a sua comida. Seu maior objetivo é destruir uma espécie que invadiu seu planeta e que insiste em servi-los e agradá-los. Estranho, não é?
Imagine agora uma história em que o protagonista é um jovem injustiçado, que tem um irmão doente e precisa conseguir a ajuda de um homem insensível para salvá-lo. As vidas dos protagonistas se cruzam, e ao salvar o homem insensível de um assalto, seu herói o convence a retribuir salvando o garoto doente. Em meio a tudo isso, o protagonista se apaixona por uma moça que, desde o começo estava perto dele e o amava, mas ele nunca a havia percebido. E agora? Quantos clichês você identificou nessa história?

Tá bom, eu também perdi a conta...

Mas o importante é que você perceba que há um meio termo entre o estranho e o clichê.
E mesmo quando se opta por usar um lugar comum, é importante que o autor tente mascarar esse clichê de alguma forma, para não torna-lo tão óbvio.

Uma forma que sempre dá certo é alternar a recompensa de um fato esperado com a surpresa e o estranhamento.

O mais importante: evite escrever uma história cheia de referências a outros livros, mas não permita que isso o paralise! A decisão final caberá ao seu bom senso!

Dependendo do gênero da sua história, haverá sempre lugar para o amor, para um personagem tolo e engraçado, para uma cena de sexo ou de violência. Lembre-se apenas de construir cenas críveis e que mantenham nexo de causa e efeito.
Por hoje é só.

Se você curtiu esta publicação, compartilhe-a em suas redes sociais. E se você quer ser notificado sempre que publicarmos um novo vídeo, siga o blog ou se inscreva o canal SENTE E ESCREVA.

Espero que seu livro seja um sucesso!
Obrigado pela sua atenção e até a próxima!

domingo, 23 de março de 2014

Como fazer uso de flashbacks

Neste episódio da série ESCREVENDO UM ROMANCE, Leonardo Barros discute o uso de Flashbacks e de "prolepses".
O autor dá dicas de como usar inversões do tempo cronológico da narrativa.


Se você prefere "ler" o conteúdo do vídeo, confira o texto abaixo:

Você sabe o que quer dizer “prolepse” e “analepse”?

A “Analepse” é mais conhecida como flashback e consiste na interrupção do fluxo cronológico da narrativa por meio da intromissão de uma sequência, cena ou relato de um acontecimento do passado.
A analepse pode ser usada para intercalar ação e informação, criando picos e vales de tensão narrativa.
Não entendeu?

Veja bem: quando lemos um livro, não pode haver ação a todo tempo, ou não haverá mais surpresa. Por ação, entenda que me refiro ao confronto direto do personagem com os obstáculos que lhe são impostos. Dessa forma, você pode usar os diálogos dos personagens para contar ao seu leitor alguns fatos que aconteceram no passado.

O flashback também pode ser mostrado, em vez de narrado, e dessa forma, as lembranças de um personagem podem trazer ao leitor uma informação necessária ao entendimento e à progressão da narrativa.

Uma dica: flashbacks devem reforçar pontos de vista do personagem ou introduzir fatos novos que sejam relevantes à trama.

Outro aspecto importante quanto ao uso de flashbacks é a sua duração. Já li romances com flashbacks maiores que 50 páginas, e confesso que fiquei um pouco confuso. Analepses muito longas podem confundir seu leitor, que acaba se esquecendo do principal núcleo de ação narrativa.

Há opções que encurtam o tempo da analepse, como um relato histórico contado num velho pergaminho. O sonho é outra forma de introduzir sequências curtas de flashbacks que cumprem sua função narrativa sem cansar o leitor.

Lembre-se também que não se deve iniciar uma história por um flashback. Se decidir fazê-lo, recorra à opção de mostrar os fatos em narrativa dramática, com cenas, ou deixe o narrador apresentar os fatos do passado em um prólogo.

Reflita: se você não se sente à vontade para fazer uso do flashback em sua história, não o faça. Talvez seja melhor deixar o recurso para seu segundo romance. Mas se você está escrevendo um livro de suspense e mistério, é bom que tente identificar, em livros do gênero, os motivos que levaram seus autores a usar a analepse.

Há livros e filmes que são narrados em flashbacks.
O livro ENTREVISTA COM UM VAMPIRO, de Anne Rice, deu origem ao filme com o mesmo nome, em que Louis, interpretado pelo ator Brad Pitt, conta a história da sua transformação e fala da sua morte-vida ao lado do vampiro Lestat de Liancourt, interpretado pelo ator Tom Cruise.

O filme Amnésia, de Christopher Nolan, é outro exemplo de uso bem sucedido de flashbacks. Na história, Guy Pearce interpreta Leonard Shelby, um homem que sofre de amnésia anterógrada e é obrigado a registrar cada passo com fotos e anotações, até descobrir o que aconteceu com sua esposa assassinada. Os flashbacks são introduzidos pelos relatos de outros personagens que interagem com o protagonista.

O filme foi indicado ao oscar de melhor roteiro e melhor edição do ano de 2000, e é um dos meus filmes preferidos do gênero.
O filme AMNÉSIA também é um bom exemplo do uso de Prolepse, que é a antecipação de eventos futuros da trama. O filme já começa pelo evento que se imaginaria ser o último na ordem cronológica, a cena em que o protagonista se vinga do assassino de sua esposa. E é a partir do final que o filme começa...

Como escritor, eu costumo usar flashbacks e prolepses em minhas histórias.
A cena de abertura de O Maníaco do Circo é uma prolepse em que vê o palhaço assassino em ação, perseguindo uma vítima. Na segunda metade do livro, um dos personagens vê, na TV, uma reportagem a respeito do crime, e entende que, somente naquele momento da história é que a cena de abertura acabou de acontecer.

No livro Presságio – O assassinato da Freira Nua, a personagem Alice Vegas manifesta seus poderes de clarividência e apresenta fatos ao leitor por meio de flashbacks e de prolepses, pois é capaz de ver fatos ocorridos no passado e no futuro. Lidar com anacronismos é uma prova de fogo para qualquer escritor. E ao escrever o Presságio entendi que nunca se deve subestimar o recurso, e que toda atenção é pouco na hora de revisar os fatos.

A última dica, e talvez a mais importante, é que todos os eventos narrados em prolepse e analepse devem ser antevistos desde o planejamento do resumo da sua história. Caso contrário você pode acabar se confundindo...

E então? Gostou da aula? Então clique em gostei e não se esqueça de se inscrever no canal para ser notificado quando novos vídeos forem publicados!
Se você deseja saber mais sobre os livros Presságio e O Maníaco do Circo, clique nos links da descrição deste vídeo!
Espero que seu livro seja um sucesso!
Obrigado pela sua atenção e até a próxima semana!

quinta-feira, 20 de março de 2014

Série ESCREVENDO UM ROMANCE – Sumário dos primeiros episódios

Devido aos e-mails e mensagens que recebi de autores que me pediam ajuda na hora de escrever seus primeiros livros, resolvi criar a série ESCREVENDO UM ROMANCE.

Os 6 primeiros vídeos já estão disponíveis, e por meio deles um escritor que se sinta desnorteado por encontrar um direcionamento.

O 1º vídeo orienta você sobre os primeiros passos. Se você ainda não começou seu projeto, ou se nunca leu nenhum livro sobre o assunto, é por ele que você deve começar.


Alguns escritores sabem como começar, como resumir uma história, mas acabam se confundindo na hora de criar personagens. Se você é um deles, vai gostar de assistir ao segundo vídeo da série.


No terceiro episódio, você vai conferir o que é unidade narrativa e como se constrói uma cena e uma sequência.


E como todo personagem tem que dar vazão à sua voz, é bom que você confira o quinto episódio.

 

Se você já está escrevendo as primeiras páginas do seu livro, mas está inseguro, confira o episódio 4:  

Se você acha que falta alguma coisa no seu resumo, talvez faltem “viradas”. Se quer saber mais sobre o assunto, confira abaixo:


Estes são apenas os primeiros vídeos da série. Ainda há muito por vir. 
Mas já é um bom começo.
;)

segunda-feira, 10 de março de 2014

PONTOS DE VIRADA (Escrevendo um Romance - Episódio 6)

Os pontos de virada surpreendem o leitor e deixam a leitura mais interessante. Mas essa não é a única função dos "Plot Points".
Você sabe o que é um ponto de virada?
Saiba mais sobre o assunto assistindo ao sexto episódio da série ESCREVENDO UM ROMANCE.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Como escrever as primeiras páginas do seu livro? (vídeo aula sobre APRESENTAÇÃO)

Escrever a primeira página de um livro é sempre um desafio...
Mas eu tenho algumas dicas que podem ajudá-lo!
Já está disponível o 4o. episódio da série ESCREVENDO UM ROMANCE, no canal SENTE E ESCREVA. Vamos conferir?



terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Afinal, o que é UNIDADE NARRATIVA?

Se você está acompanhando a série de vídeo ESCREVENDO UM ROMANCE, tem que conferir o terceiro episódio, no canal SENTE E ESCREVA.
Nele vamos aprender a diferença entre cenas e sequências, e o que significa UNIDADE NARRATIVA.





Se este foi o primeiro vídeo da série que você viu, acesse a lista de exibição e consulte os episódios anteriores: http://zip.net/btmth5

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Novo canal do YouTube com dicas para escritores

Acho que muita gente sente vontade de conversar com o autor depois que lê, e gosta muito, de um livro.

Talvez por isso eu receba tantos e-mails e mensagens de novos escritores que referem dificuldades ou que pedem ajuda para escrever um romance.

Criei o canal SENTE E ESCREVA, e é lá que vou responder à maioria das perguntas.

Os primeiros vídeos seguirão uma lógica didática, em que vou apresentar alguns conceitos importantes e seguir “os primeiros passos”, revendo todo o processo. Vamos ver no que dá.

O novo canal vai contar com dois quadros, entre as postagens da série DICAS, a sessão PAPO DE ESCRITOR, em que receberei outros autores e blogueiros em videoconferência para discutir assuntos literários específicos, e o quadro RESENHA – LENDO COMO ESCRITOR, em que darei minha impressão a respeito de livros de suspense (e fantasia... e terror...).

Divirtam-se com o primeiro episódio! ;)


Abaixo, deixo o link para compra de livros citados no vídeo.


domingo, 19 de janeiro de 2014

VOZ NARRATIVA - De quem é aquela voz que você está escutando?


Um leitor que se aventura em suas primeiras experiências literárias talvez não tenha a sensibilidade de perceber a série de nuances e possibilidades que se escondem por trás do ato de contar uma história.

Com um tempo, mesmo que intuitivamente, percebe-se que umas histórias são relatos de personagem que as viveram (narrador em 1ª. Pessoa) e outras são contadas por um narrador misterioso cuja identidade ninguém pode definir (3ª. Pessoa). Mas acho que disso você já sabe, né?

Para o escritor não basta conhecer as possibilidades narrativas, as formas como ele pode se dirigir ao leitor, quanto da história ele vai revelar saber ou mesmo que “distância” ele vai guardar do seu leitor. O autor deve ouvir à sua voz narrativa e tentar identificar nela suas influências.

Daí a importância de ler o maior número possível de autores e de tentar identificar, em todos eles, as características que norteiam o seu pensamento na hora em que você vai escrever.

A tal voz narrativa pode ser definida como a maneira como o leitor escuta, em sua mente, a voz daquele que lhe conta a história. Mas, antes disso, é a forma como a ideia se apresenta na mente do autor.

E quem conta a história para que o escritor a ponha no papel?

Conheça suas referências e perceba quando elas se manifestam. Seus personagens podem falar como seus amigos ou como personagens de um velho filme que você assistiu há muitos anos. Seu narrador, mesmo que supostamente protegido na distante terceira pessoa, pode falar com o mesmo tom de outros autores que você leu e admira.

Então, eu lhe pergunto: quem está contando suas histórias? Você ou uma projeção, em sua mente, do seu autor preferido? Parece absurdo ou surreal? Medite e você verá que faz sentido.

Quando era adolescente, adorava os livros de Nelson Rodrigues, suas histórias trágicas e dramáticas, seus personagens enfáticos e apaixonados. Anos depois, quando decidi escrever, acabei emprestando aos meus personagens aquela mesma intensidade dramática que lia em livros como “Asfalto Selvagem” ou “A Vida Como Ela É...”, mas logo percebi que não era eu quem estava escrevendo aqueles diálogos, mas uma espécie de projeção de outro autor em minha mente. Isso não diminui o valor da minha obra, nem configura em nenhuma espécie de plágio ou coisa que o valha, mas perceber aquilo me incomodou. O mesmo fenômeno se repetiu alguns anos depois, quando eu encontrei, em alguns pontos da minha narrativa, estilos que remetiam ao texto de Stephen King ou George R. R. Martin. 

Pesquisei um pouco sobre o assunto e descobri que esse é um fenômeno relativamente comum para quem começa a escrever, e até mesmo para escritores experientes (acontece menos, mas vai acontecer em algum momento). 
E o que você pode fazer para evitar e resolver o problema?

A forma mais segura de encontrar sua própria voz narrativa é continuar lendo inúmeros escritores, de diferentes estilos, e sempre identificar as influências de outros autores em seu texto, quando elas se apresentam. Não estou sugerindo que você evite ouvir a voz dos autores que lhe influenciam, mas é sempre bom “lapidar” o texto, num segundo momento, na tentativa de evitar esse tipo de contaminação.

Com o tempo, à medida que você conhecer suas influências e aprender a lidar com todas, sua própria voz narrativa vai se destacar em meio a tantas influências. Esse é um processo natural. Aceitá-lo e conhecê-lo é sempre o melhor caminho a se seguir...

Ou você não concorda? Compartilhe sua opinião. Ela é importante para mim e para aqueles que seguem este blog.

Gostou do texto? Ele o ajudou de alguma forma? COMENTE no campo abaixo ou divulgue o blog em suas redes sociais.


terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Como usar ferramentas como o Google e o YouTube em seu favor na hora de escrever?

Todo o mundo sabe que a internet é uma terra sem lei quando o tema é fidelidade de informação. Versa a respeito de tudo e sobre todos, repetindo ideias e informações, num infindável telefone sem fio no qual a veracidade se despedaça a cada comentário e a cada compartilhamento.

Todo romance (ou conto, que seja) tem sua fase de pesquisa, que sucede a concepção da ideia de uma premissa dramática. Você sabe que quer contar a história de um Fulano de Tal, que se mete num determinado conflito, mas logo percebe que tem de saber mais sobre a profissão que escolheu para seu personagem ou sobre o lugar onde ele mora.

Finalizei, há alguns meses, um thriller fantástico que tem como cenário a Roma antiga. Não quero contar muito sobre a obra ainda, mas posso dizer que misturar seres fantásticos com referenciais históricos é algo bem complicado. Por onde você começaria?

Eu confesso: não resisti ao Wikipedia. Espera! Mas o Wikipedia não é aquela enciclopédia on line na qual todo o mundo parece ser especialista em tudo? Pois é.

Não estou dizendo que você pode embasar sua pesquisa UNICAMENTE no site, mas creio que é um bom começo.

Veja se você concorda comigo: no site você vai encontrar sempre informações verdadeiras em meio a um monte de besteira, mas lembre-se de que você não vai usar tudo o que lê. Considere o Wikipedia como um “brainstorm”, uma tempestade de ideias sem sentido. Depois que você decide o que quer ou não usar, cabe fazer uma nova triagem de fontes que COMPROVEM os dados da primeira pesquisa.



Nessa hora, cabe usar o YouTube. Lá você vai encontrar palestras, aulas ou programas de TV que vão reforçar ou combater frontalmente as ideias que você leu na primeira fase de pesquisa.

Então é isso! Agora você já sabe um pouco sobre o assunto que deseja usar em seu romance, e certamente está apto a procurar os livros corretos que vão tirar suas dúvidas.

Se o assunto da sua pesquisa é História, sugiro que procure biografias das personalidades que serão mencionados em seu romance. 
Outra fonte interessante de pesquisa é a série História da Vida Privada, que lista hábitos alimentares, religiosos, sociais e familiares da época estudada. Ao mencionar o que seus personagens comiam ou como se vestiam, seu romance proporcionará aos leitores um pouco de imersão.


Para visualizar os cenários antes de escrever, uma boa pedida são os livros de arte de pintores da época.

E você? Como você começa a sua pesquisa?

Compartilhe a sua experiência conosco e comente!

domingo, 12 de janeiro de 2014

Acabou de escrever seu romance? Agora é que o trabalho duro começa...

Depois de passar dias se consumindo, você tem aquela ideia fantástica e muda o final da sua história, que antes parecia forçado ou clichê. Então, todo feliz você decora o rodapé do seu original com um capital e negritado FIM, e posta a foto, todo orgulhoso no Instagram

Ok, você está certo em celebrar a primeira etapa do seu trabalho, e tem todo o direito de fazê-lo. Eu mesmo costumo dividir com meus leitores essa pequena vitória, a alegria de ter finalizado mais um processo de criação. Mas você tem de saber que o trabalho está apenas começando!

Veja bem: estou supondo que você levou em consideração as técnicas de estruturação, a vigilância constante com características e pontos de vista dos personagens e aspectos como congruência e continuidade (se você não sabe o que esses termos significam, fique atento às próximas postagens do blog. Estou trabalhando numa série de vídeos sobre estruturação).

Livro terminado, você imprime um original e envia para uma grande editora, certo? Errado!

Está na hora de lapidar o texto. E o que seria essa “lapidação”? 

Para mim, um bom tratamento de texto se resume em uma palavra: “cortes”. 
O que você tem a fazer é eliminar palavras, frases ou, em alguns casos, parágrafos desnecessários. Em casos específicos, talvez valha a pena optar por substituições em lugar dos cortes.

Como eu faço: assim que digito a última palavra do original, eu reservo um tempo para celebrar, descansar e me “desapegar” do texto. Duas semanas são suficientes, na maioria das vezes, mas em casos de extremo cansaço ou estresse, um mês pode ser necessário. É hora de intensificar as leituras recreativas, de escrever textos não literários, de passear, de rever amigos e qualquer outra coisa que me agrade. Esse tempo é necessário para que eu “esqueça o texto”, para que as imperfeições que antes eram imperceptíveis possam saltar diante dos meus olhos, na próxima leitura. 
Será que isso aconteceria com você? Claro que sim!

Vamos supor que você deu um tempo e se afastou do seu original... Agora você se desapegou do texto e pode enxergar seus pontos fortes e fracos, da mesma forma que você faz com os textos dos autores que lê. É hora de corrigir a si mesmo.

Seguem algumas dicas básicas de lapidação:




Elimine excessos:

1. Adjetivos.
Tenha em mente o axioma: “um adjetivo define um substantivo, mas dois ou mais adjetivos podem confundir”. 
Veja bem, não estou sugerindo que você escreva um texto pouco descritivo, não é isso. O que você tem de fazer é escolher quais são os adjetivos que “definem os personagens e os cenários” e os que são necessários ao texto. Tenho certeza de que você vai se surpreender quando procurar pelos adjetivos que estão sobrando e quando perceber que seu texto está apinhado de enfeites que atrasam a leitura, que diminuem a fluência do texto, e que não acrescentam em nada. 

2. Advérbios.
Os advérbios podem sabotar seu texto. Experimente reler seu original e omitir, mentalmente, alguns advérbios. Se eles não mudam o sentido real do texto e não impedem o entendimento, talvez seja uma boa ideia retirá-los dali. 

Substitua:

1. Palavras repetidas.
Se Carlos é homem, magnata e cínico, não se refira a ele como Carlos em todas as frases. Dizer que “o magnata a olhou com desdém” ou que “o cínico a ignorou e entrou no elevador” alivia o uso repetido da palavra e evita a monotonia, relembrando ao leitor as qualidades e defeitos que definem os personagens, criando empatia e imersão. Aqui, você revolve dois problemas de uma vez só.

2. Verbos incomuns.
Preciso explicar?

3. Voz passiva.
Neste ponto, tenha em mente que a clareza do texto e a objetividade de quem o escreve proporcionam, ao leitor, um texto fluente e confortável. 
“A violência do impacto o arremessou contra a parede” soa melhor que “ele foi arremessado para trás devido ao impacto que o projétil causou”. Percebe como é sutil e ao mesmo tempo óbvio? Fique atento!

4. Frases negativas.
Nossa mente dá preferência às definições afirmativas. Dizer o que ou como alguém é o define melhor do que contar como ele “não é”. 
“Viu que era impossível ignorar seus olhos” soa melhor que “Viu que não poderia não olhar para ela”. 

Agora que você poliu seu texto, é hora de submetê-lo à primeira revisão... Mas esse é assunto para outro tópico.

Gostou? Comente e divulgue o blog!
Não concorda com algo que leu? Então comente e compartilhe conosco a sua experiência!

sábado, 11 de janeiro de 2014

Romance histórico combina com fantasia?

"Brasil ganha bons romances históricos que recriam lacunas entre Colônia e Império."
Este é o título da coluna da Raquel Cozer, no site da FOLHA DE SÃO PAULO (10 de janeiro de 2014). A matéria também comenta o lançamento do livro EM BREVE TUDO SERÁ MISTÉRIO E CINZA, de Alberto A. Reis.

Meu próximo lançamento é um thriller fantástico ambientado num passado distante. A história não se passa no Brasil, mas em outro país, com rica literatura de romances históricos que serviram como referência para criação de cenários, personagens, hábitos alimentares e vestuários. Escrever romances ambientados no passado é um desafio. Escrever um romance histórico ambientado no Brasil é um desafio ainda maior... Mas não é impossível.


Capoeira (Rugendas, 1835)

O brasileiro Eduardo Spohr é um sucesso do gênero, e provou que essa mistura dá certo em A BATALHA DO APOCALIPSE e nos livros da série FILHOS DO ÉDEN.




E você? Também acha que romance histórico combina com fantasia?
Comente!

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Acha que não tem tempo para escrever? Repense!



Sempre escuto leitores, blogueiros e jornalistas comentarem, espantados, que não entendem como um médico tem tempo para escrever. Esse também é um comentário comum entre meus colegas de trabalho. No início, eu tinha um pouco de receio de que as pessoas pensassem que eu escrevia porque tinha tempo sobrando, ou que ao fazerem este comentário estivessem sugerindo que eu não era bem sucedido na minha primeira profissão... Bobagem! Com o tempo entendi que, o que para mim parecia óbvio, era incompreensível para muita gente.

Aí, você se pergunta: “será que esse cara trabalha mais do que eu?”. Isso eu não sei responder, sei apenas que cumpro duas escalas de plantão (uma com 12 plantões e outra com 6 períodos) e trabalho seis ou sete dias por mês em cirurgias de longa duração, que me consomem o dia inteiro. Ao todo, São pelo menos 24 turnos de 12 horas de trabalho em um mês. Mesmo assim, desde 2009, escrevi um romance por ano.

E qual é o segredo? Veja bem, vou resumir minha rotina de criação em algumas dicas práticas, e talvez isso o ajude a criar sua própria rotina, mas não quero dizer que este seja o único caminho! Leia, medite, e tente aplicar as dicas à sua rotina. Você pode se surpreender!

1º Crie resumos.
A maioria das pessoas pensa que um romance se escreve digitando uma palavra após a outra (o André Vianco sempre alerta os novos escritores para esse erro). Tá bom, eu admito que existam os gênios linguísticos, e que eles sejam capazes de conceber uma história inteira, com suas tramas e subtramas de forma intuitiva, mas estes são extremamente raros. Se você não é uma espécie de superdotado literário, sugiro que faça resumos e que tente segui-los. Crie esquemas da sua narrativa, antes de começar. Como começa, quais as viradas e como termina sua história. Você não é obrigado a fazer tudo do jeito que pré-concebeu, mas isso o ajudará a manter o foco (falarei mais sobre esse tópico num vídeo de YouTube. Aguarde).

2º. Sente e escreva.
Muitos pensam que têm de encontrar um lugar especial, uma luz perfeita e um silêncio tumular para que possam escrever. Meu conselho: deixe de frescura e enfie a mão nesse teclado! Já escrevi de dia, de noite e de madrugada. Em casa, viajando ou mesmo no hospital... Espera! No hospital? Pois é, durante os plantões, o médico anestesiologista só é necessário “durante” a realização de procedimentos cirúrgicos. Entre as cirurgias, o médico pode esperar em um quarto ou numa sala (estar médico) até que sua presença seja novamente solicitada. Às vezes, não há descanso, com urgências entrando umas atrás das outras, mas nos dias em que a bruxa não está à solta, há grandes intervalos entre os procedimentos. Enquanto outros médicos conversam ou assistem TV, eu escrevo ou edito meus textos. Você também deve ter seu estar médico! Pode ser a hora do cafezinho ou o intervalo do almoço. Não interessa, você é quem vai descobrir momentos da sua rotina que estão sendo subutilizados.

3. Entenda: o escritor não trabalha apenas escrevendo.
Muitos pensam que têm de estar com o notebook no colo para estarem escrevendo. Por isso se fala tanto em “bloqueio de escritor”. Isso é balela! Entenda: o escritor trabalha analisando o texto de outros escritores, trabalha quando está pensando sobre sua história, quando está pesquisando sobre um personagem ou sobre um cenário que escolheu para uma cena. Não se martirize com “metas de produção”. Você não é uma máquina. Se quiser estabelecer metas, estabeleça metas factíveis, fáceis de cumprir, como cinco ou sete páginas por semana. Quando você superar sua meta, isso lhe trará satisfação e alegria. Metas megalomaníacas são uma receita de frustração!

4. Saiba dizer “não”.
Entenda: o que não é interessante não lhe interessa. Saiba dizer não aos convites que atrapalham sua rotina de trabalho. Noitadas e bebida em excesso vão atrasar seu trabalho por dias. Use o final de semana com moderação e você poderá namorar, confraternizar com amigos e mesmo assim produzir algumas páginas. Se os amigos reclamarem, chame-os para um café no final da tarde. Assim, você vê a galera e se enche de cafeína para trabalhar, quando chegar em casa. Tudo se resume a escolhas. Seja esperto! ;)

Gostou das dicas? Comente e compartilhe o link em seus perfis de rede social!
Não gostou? Então talvez você tenha boas dicas para dar também! Faça-o nos comentários abaixo.

Logo trarei mais dicas para escritores!
Agora, mãos à obra! 

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Afinal, o que é um AGENTE LITERÁRIO?


Percebi que esse tema tem sido mais comentado em blogs literários. Alguns autores reclamam que não encontram um agente. Outros, mais afoitos, reclamam que já tiveram, mas que foi perda de tempo.

Espera! Primeiramente, você tem de saber o que é um agente literário. Em geral, um profissional que já trabalhou em uma ou mais editoras, seja como editor ou analista, mas que tem grande conhecimento do mercado, que tem intimidade com os personagens envolvidos no processo de lançar um livro.

Você com certeza já viu o tal agente nos filmes americanos, negociando a venda de um novo romance, enquanto o autor se descabela, correndo contra o tempo para terminá-lo. A premissa já é um clichê do gênero. Mas essa caricatura traduz a realidade daquele país, onde o mercado já formalizou a necessidade de um intermediador entre a editora e o escritor. O agente negocia, com o editor, o percentual de direito autoral que cabe ao autor, um adiantamento (quando possível), e detalhes do contrato. Em geral, é remunerado com valores que oscilam entre 10% e 12,5% dos ganhos reais do autor.

Ok! Agora você já sabe o que é um agente literário, mas fica se perguntando: “e aqui, como é que a banda toca?”.

Há alguns dias, li um pequeno texto do Danilo Leonardi sobre o assunto, no blog CABINE LITERÁRIA, e um comentário do autor me chamou a atenção.

"Existem agentes literários no Brasil, mas o que se vê na maioria dos casos (este escritor não pressupõe, portanto, conhecer todos os agentes da lista telefônica brasileira) são jornalistas desesperados pelo dinheiro de alguma representação, assim aceitando qualquer coisa escrita em língua portuguesa, mesmo que incompreensível."

Parece absurdo? Mas não é. O crescimento recente do número de publicações e de novos autores no Brasil despertou o interesse de profissionais nem sempre escrupulosos. Minha opinião: há bons e maus profissionais nesse mercado (como em qualquer outro). Quer contratar um agente literário? Pesquise antes! Descubra se o profissional que você pretende contatar já agencia escritores bem sucedidos ou que, pelo menos, tenham seus livros publicados por grandes editoras. Desconfie de quem pede “adiantamentos” ou “taxas de adesão”. O verdadeiro agente é aquele que analisa o original, antes de aceitar representar o autor, e que acredita no potencial do autor e na qualidade do seu trabalho.

Outra matéria interessante que li sobre o assunto foi a da seção de cultura do jornal O GLOBO, que atenta para o crescimento de um mercado de adaptações. A matéria cita o nome da conhecida Lucia Riff, responsável pela Film2B (braço da sua agência responsável pela representação de autores para cinema e TV). 

Lucia Riff 

Menciona também a agente literária Marianna Teixeira Soares (essa eu conheço, e é muito simpática), que teve alguns livros dos seus autores vendidos para TV e cinema.

Procurei a Marianna há alguns meses e conversei com ela sobre agenciamento. Ela me indicou o trabalho da Natalie Araujo, analista e preparadora de textos filiada à MTS Agência de Autores. Trabalhamos juntos na primeira edição e na revisão do meu novo livro (já estou doido pra falar da obra, mas não posso ainda). A parceira tem dado certo.

E aí? Você precisa de um agente?