Que George RR Martin é o cara todo o mundo sabe.
Quem leu uma das minhas entrevistas sabe que ele é, hoje, meu autor de ficção preferido.
Depois que li AS CRÔNICAS DE GELO E FOGO (até o quinto volume, e esperando...), percebi que, mesmo seguindo as técnicas de estruturação já celebradas, há infinitas formas de escrever histórias que quebram paradigmas e que surpreendem os leitores.
Ao ver que o George RR Martin assinava outra série, corri para adquirir o primeiro volume de WILD CARDS, que leva o mesmo nome da série na versão americana, e que no Brasil ganhou o subtítulo O COMEÇO DE TUDO.
A versão brasileira estampa o fortão Jack Braun
(o destruidor de tanques)
A premissa é simples e, ao mesmo tempo, genial: devido a uma pesquisa biológica realizada em um planeta distante, um vírus alienígena capaz de induzir nos humanos os mais imprevisíveis rearranjos genéticos chega à Terra. O vírus é apelidado de Carta Selvagem, devido à sua fervilhante capacidade de mutação, que pode matar, criar mutantes deformados e repugnantes (chamados de curingas) ou dar ao portador da mutação uma capacidade sobre-humana (chamados de ases).
Aí está a grande sacada: a mesma história, um ponto de vista diferente.
Cada capítulo do livro apresenta um personagem ou um dos núcleos que serão explorados em outros volumes. Croyd Crenson, conhecido como Dorminhoco, é um garoto que se transforma num ás capaz de hibernar para acordar com nova aparência e com um novo poder. Jack Braun é um garoto do campo que ganha super-força e que nunca envelhece. O Tartaruga é um adolescente nerd que domina a telecinese, que move objetos com a mente. Estes são alguns dos incontáveis personagens que o livro apresenta... Mas talvez este seja o aspecto mais negativo do livro.
Ao planejar uma série de 21 livros (acho que é isso), o velho Martin deu duro e criou, com seus colaboradores, dezenas de personagens. Isso torna a obra única, mas a escolha de apresentar todos os personagens importantes no primeiro livro talvez não tenha sido a mais acertada. Pelo menos não para mim. O livro, que é uma somatória de tramas, umas interessantes, outras nem tanto, acaba se tornando um pouco chato. É difícil ficar curioso para saber o que vai acontecer, quando não se tem tempo suficiente para criar empatia pelos personagens.
Para o Martin, que é um gênio, creio que isso tenha sido previsto e devidamente planejado. É certo que nos próximos volumes (que eu certamente lerei), o autor compensará este aspecto de uma forma que só ele saberá dizer qual é...
Mas qual a lição que você, aspirante a escritor ou autor iniciante deve tirar disso?
A apresentação de um romance, as primeiras trinta, quarenta ou até sessenta páginas iniciais, geralmente apresentam os protagonistas e o conflito principal da narrativa. Você pode criar dois ou três protagonistas, o que já não é fácil, e pode criar tramas secundárias, mas depois da apresentação, os acontecimentos têm de “mover a história para frente” ou seu livro se tornará maçante...
Seguir os passos dos gênios é uma tentação, mas reflita antes de ouvir o canto da sereia!
A capa americana mostra Jet Boy, "limpo" (não afetado pelo vírus)
e herói dos ases e curingas
Para saber mais sobre a série visite:
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Eu tenho que ler esta série, sou apaixonado pela escrita de Martin. Ótima resenha!
ResponderExcluirObrigado, Jonathan!
ExcluirOpinião de escritor: ler o velho Martin é sempre garantia de uma boa experiência. Se você estuda técnicas de estruturação, fica fácil ver onde ele se comporta de forma tradicional ou quando ele cria novas perspectivas. A cada página que leio dele tenho mais certeza de que o homem é um gênio da literatura.
;)