quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Acha que não tem tempo para escrever? Repense!



Sempre escuto leitores, blogueiros e jornalistas comentarem, espantados, que não entendem como um médico tem tempo para escrever. Esse também é um comentário comum entre meus colegas de trabalho. No início, eu tinha um pouco de receio de que as pessoas pensassem que eu escrevia porque tinha tempo sobrando, ou que ao fazerem este comentário estivessem sugerindo que eu não era bem sucedido na minha primeira profissão... Bobagem! Com o tempo entendi que, o que para mim parecia óbvio, era incompreensível para muita gente.

Aí, você se pergunta: “será que esse cara trabalha mais do que eu?”. Isso eu não sei responder, sei apenas que cumpro duas escalas de plantão (uma com 12 plantões e outra com 6 períodos) e trabalho seis ou sete dias por mês em cirurgias de longa duração, que me consomem o dia inteiro. Ao todo, São pelo menos 24 turnos de 12 horas de trabalho em um mês. Mesmo assim, desde 2009, escrevi um romance por ano.

E qual é o segredo? Veja bem, vou resumir minha rotina de criação em algumas dicas práticas, e talvez isso o ajude a criar sua própria rotina, mas não quero dizer que este seja o único caminho! Leia, medite, e tente aplicar as dicas à sua rotina. Você pode se surpreender!

1º Crie resumos.
A maioria das pessoas pensa que um romance se escreve digitando uma palavra após a outra (o André Vianco sempre alerta os novos escritores para esse erro). Tá bom, eu admito que existam os gênios linguísticos, e que eles sejam capazes de conceber uma história inteira, com suas tramas e subtramas de forma intuitiva, mas estes são extremamente raros. Se você não é uma espécie de superdotado literário, sugiro que faça resumos e que tente segui-los. Crie esquemas da sua narrativa, antes de começar. Como começa, quais as viradas e como termina sua história. Você não é obrigado a fazer tudo do jeito que pré-concebeu, mas isso o ajudará a manter o foco (falarei mais sobre esse tópico num vídeo de YouTube. Aguarde).

2º. Sente e escreva.
Muitos pensam que têm de encontrar um lugar especial, uma luz perfeita e um silêncio tumular para que possam escrever. Meu conselho: deixe de frescura e enfie a mão nesse teclado! Já escrevi de dia, de noite e de madrugada. Em casa, viajando ou mesmo no hospital... Espera! No hospital? Pois é, durante os plantões, o médico anestesiologista só é necessário “durante” a realização de procedimentos cirúrgicos. Entre as cirurgias, o médico pode esperar em um quarto ou numa sala (estar médico) até que sua presença seja novamente solicitada. Às vezes, não há descanso, com urgências entrando umas atrás das outras, mas nos dias em que a bruxa não está à solta, há grandes intervalos entre os procedimentos. Enquanto outros médicos conversam ou assistem TV, eu escrevo ou edito meus textos. Você também deve ter seu estar médico! Pode ser a hora do cafezinho ou o intervalo do almoço. Não interessa, você é quem vai descobrir momentos da sua rotina que estão sendo subutilizados.

3. Entenda: o escritor não trabalha apenas escrevendo.
Muitos pensam que têm de estar com o notebook no colo para estarem escrevendo. Por isso se fala tanto em “bloqueio de escritor”. Isso é balela! Entenda: o escritor trabalha analisando o texto de outros escritores, trabalha quando está pensando sobre sua história, quando está pesquisando sobre um personagem ou sobre um cenário que escolheu para uma cena. Não se martirize com “metas de produção”. Você não é uma máquina. Se quiser estabelecer metas, estabeleça metas factíveis, fáceis de cumprir, como cinco ou sete páginas por semana. Quando você superar sua meta, isso lhe trará satisfação e alegria. Metas megalomaníacas são uma receita de frustração!

4. Saiba dizer “não”.
Entenda: o que não é interessante não lhe interessa. Saiba dizer não aos convites que atrapalham sua rotina de trabalho. Noitadas e bebida em excesso vão atrasar seu trabalho por dias. Use o final de semana com moderação e você poderá namorar, confraternizar com amigos e mesmo assim produzir algumas páginas. Se os amigos reclamarem, chame-os para um café no final da tarde. Assim, você vê a galera e se enche de cafeína para trabalhar, quando chegar em casa. Tudo se resume a escolhas. Seja esperto! ;)

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Logo trarei mais dicas para escritores!
Agora, mãos à obra! 

6 comentários:

  1. Valeu, Ace! O importante é "não deixar a peteca cair"! Heheheh
    Abraço!

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  2. Realmente Leonardo, quando eu recebi o seu livro, Presságio, e vi que você era médico eu pensei: Como ele consegue ter a dura rotina de um médico e ainda escrever um livro?!

    Eu desde pequena escrevia histórias e um dos meus grandes sonhos é escrever e publicar um livro, mas realmente a rotina intensa só empurra o meu sonho para ainda mais longe. Adorei as dicas e espero conseguir seguir algumas delas!

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    1. Oi, Paula. Como está?
      Vamos fazer um exercício? Passe a chamar seu "sonho" de "projeto" ou de "plano". Isso vai fazer você se lembrar de que seu livro só depende de você para existir!
      Sucesso!
      Beijão!

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  3. Super concordo!
    Se fosse esperar ter tempo disponível só para escrever, eu não teria escrito nenhum livro ainda. Sem contar as bocas maldosas que pensam que se a gente tem outra profissão além de ser escritor, não consegue fazer nada que preste: mito puro!
    Parabéns pelo post! :D

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    1. Oi, Raquel. É bem por aí! ;)
      As pessoas que têm a oportunidade de se manterem unicamente da atividade literária privilegiados. Ainda bem que eles existem! É uma prova de que, mesmo sendo o Brasil um país de poucos leitores, a gente pode chegar lá. E chega mais rápido quem se concentra mais no próprio sucesso!
      Parabéns, Raquel!
      Você tem "a manha"! Hehehe
      Beijão!

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